23 outubro 2006

Do we all live in the Yellow Submarine??



Muito são aqueles que dedicam boas partes das suas vidas à eterna e frívola discussão acerca de: qual terá sido a melhor banda de sempre?
Muitos outros dirão que tal discussão é perfeitamente banal, pois depende de pontos de vista, gostos artísticos e interesses musicais.
Há outros que preferem fazer uma avaliação “instrumento a instrumento”, procurando fazer uma banda “ideal”, com, por exemplo, Hendrix na guitarra, Waters no baixo, John Bonham na bateria e Cobain na voz.
Outros há que apresentam um raciocínio diferente: Não é possível fazer tal apreciação porque, na realidade, cada um tem os seus gostos e, por muito bom que determinado artista pode ser, teremos sempre a tendência natural para valorizar em demasia os nossos preferidos. Mas, isso não nos impede de fazer uma análise racional e mensurável daquela que terá sido a maior (?) banda de sempre. Para o fazer, estes mesmos teóricos apoiam-se em dados estatísticos, como número de álbuns vendidos, número de singles nos tops britânico e americano, número de lotações esgotadas e, claro, o dinheiro na conta bancária.
O problema destes últimos é que ignoram a música. A história desta indústria está cheia de indivíduos, sem talento, que venderam milhões, esgotaram milhões, ganharam milhões e que enganaram milhões.
Mas, não há que fugir a esta discussão. Eu acredito ser possível apontar algumas bandas que, pelo seu valor musical e impacto social aliado aos “números” e à sua longevidade terão sempre de ser consideradas como das “maiores” de sempre. Falo, claro, dos Pink Floyd, dos Rolling Stones, de Jimi Hendrix, de Led Zeppelin, de Metallica, de The Who, Bob Dylan, Genesis, Simon& Garfunkle, U2, Red Hot Chili Peppers, Deep Purple, Dire Straits, Eric Clapton, Bruce Springsteen, Pearl Jam, Nirvana, Black Sabbath, Supertramp, Santana e a lista é bastante grande.
Deixei, propositadamente, de fora os “Beatles”. Os “fab four” são, para muitos, a maior – e digo maior e não melhor – banda de sempre. Para sustentarem a sua posição, os críticos socorrem-se dos tais números e da beatlemania, o primeiro fenómeno da música à escala mundial. Falam dos cortes de cabelo, e dos fatos, das raparigas histéricas e de pouco mais.
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Ora, meus amigos, os “Beatles” foram muito mais do que cortes de cabelo e fatos. O quarteto – Lennon, McCartney, Harrison e Starr – revolucionou por completo o panorama musical. Nunca nada foi igual depois deles.
Os Beatles foram os primeiros a tornar o Mundo numa “aldeia global”. Os seus singles eram ouvidos por todo o Mundo, e as suas aparições eram consideradas dignas de honras de Estado.
Tudo começou, já debaixo da orientação de Brian Epstein e George Martin, em Outubro de 1962 aquando do lançamento do single “Love me Do”. Foi, nesta altura, que Ringo Starr foi adicionado ao grupo, em lugar de Pete Best que, de acordo com Lennon, estaria com excesso de confiança devido ao assédio das fãs.
Rapidamente fizeram sucesso no Reino Unido, mas demoraram a atingir os EUA. Foi com essa conquista em mente que Epstein lançou, a propósito da primeira aparição dos rapazes de Liverpool em terras do Tio Sam em 1964, “I want to hold your hand.” O single conquistou o país inteiro.
Quando regressaram a Inglaterra, foi filmado “A hard day’s night”. O filme, inovador na altura, é hoje visto como um “clássico de culto”, e como o percursor da ideia de realizar videoclips. O álbum lançado no mesmo ano e com o mesmo título foi o primeiro composto, na íntegra, pela mais famosa dupla de compositores da música, Lennon/McCartney.
Em 1965 foram condecorados com o MBE (Member of the Order of the British Empire). Em Agosto desse ano, realizaram o primeiro concerto da história do rock a ser realizado num estádio: no Shea Stadium, em Nova Iorque.
É a partir desta altura que o grupo começa a deixar a imagem dos meninos bonitos, com cabelo à tigela e fatos iguais, para serem um grupo de irreverentes a fazer música repleta de crítica social. A tal facto, não será alheio o consumo de LSD entre os membros da banda, nomeadamente Lennon e Harrison.
Com “Rubber Soul” em 1965 os Beatles atingem a maturidade musical. As influências orientais – graças ao fascínio provocado por essa cultura em George Harrison – estavam bem patentes, assim como a evolução de Lennon e McCartney enquanto letristas. O álbum foi bem aceite pelos críticos, mas os fãs estranharam a súbita mudança de timbre, evidenciada em temas como “Drive My Car”.
Em 1966, e após John Lennon ter dito que os Beatles eram “mais populares que Jesus Cristo”, os grupo deu o seu último concerto ao vivo. Os elementos apresentavam-se cada vez mais desencantados com os seus shows, quer pela má qualidade de som quer pelo comportamento das fãs. Foi São Francisco a cidade que acolheu o último concerto dos “Beatles”.
Em 1966 o grupo lança “Revolver”. Manteve-se o estilo do seu antecessor, mas evoluiu-se na escolha de instrumentos, timbre e letras. Harrison contribuiu com três faixas para o álbum, que contém clássicos intemporais como “Eleanor Rigby” e “Yellow Submarine”.
Esta nova faceta dos Beatles ficaria bem evidente no seu melhor (?) álbum de sempre, e um dos mais incontornáveis marcos da história da música: “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band”. O disco foi gravado em 129 dias, e inovou em todos os aspectos, desde logo pela capa assim como a ideia de ser uma banda fictícia a gravar o álbum. Logo na segunda faixa, é apresentando Billy Shears (Ringo Starr), que canta “With a little help from my friends.” O disco recebeu um Grammy, de melhor disco do ano. Nesse mesmo ano, os Beatles protagonizaram a primeira transmissão musical global, quando apresentaram “All you need is love” para milhões de pessoas ao mesmo tempo.
Em 1967 John conhece Yoko Ono, e para sempre os Beatles passariam para segundo plano na sua vida. Após a criação da Apple Corps – a sua nova editora – lançaram “Hey Jude” e “Revolution” que foram assim os primeiros sucessos da nova editora.
Foi já num ambiente de profunda tensão que os Beatles gravaram “The Beatles”, ou como ficou conhecido, “The White Album”. A presença constante de Yoko Ono nas gravações apenas serviu para o agudizar das tensões entre os elementos da banda. Apesar disso, e de outros problemas de gravação – como a inconstante presença de alguns Beatles no estúdio (Ringo “desistiu” da banda duas semanas depois dos início das gravações) – o álbum foi um enorme sucesso comercial e a crítica também adorou “The White Album.” De destacar que este álbum conta com uma rara participação de um outro artista: Eric Clapton, que gravou o solo de guitarra em “While my guitar gently weeps.”
Foi só em 1969 que os Beatles se reuniram de novo, para gravarem “Get Back” que seria um álbum e um documentário acerca da produção do álbum. Contudo, durante as gravações as tensões entre os rapazes eram de tal ordem que o documentário acabou por se tornar numa espécie de comprovativo de morte dos Beatles. Em vez do mega-concerto previsto para depois das gravações, o grupo subiu ao telhado do estúdio e começou a tocar para as pessoas que passavam na rua. A polícia foi chamada para interromper a sessão, mas não conseguiu. Mais tarde, Ringo confirmou que a polícia fora a grande decepção do concerto, pois a prisão dos Beatles daria um óptimo final para o filme.
O último álbum dos Beatles chama-se “Abbey Road”. Foi extremamente bem aceite pela crítica e pelos fãs, tendo-se tornado no mais vendido da carreira do grupo. Curiosamente, algumas das faixas mais conhecidas do álbum são da autoria de George Harrison, como são os casos de “Something” e “Here comes the sun”. Mais uma vez, as tensões no estúdio foram tremendas, tendo algumas músicas sido gravadas na íntegra por apenas um elemento da banda. O álbum surgiu numa última tentativa de Paul McCartney e George Martin em conseguir que a banda gravasse um disco “como nos bons velhos tempos.” Tal não aconteceu.
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Numa entrevista em Março de 1970, Paul anuncia o fim dos Beatles e o seu primeiro álbum a solo. Os restantes elementos da banda não o perdoam por ter decidido divulgar o fim da banda sem pedir autorização para o fazer, assim como aproveitou esse facto para publicitar o seu vindouro álbum a solo. As gravações registadas aquando de “Get Back” são finalmente lançadas debaixo do nome “Let it Be”, disco que já não foi produzido por George Martin.
Muitos culpam também Yoko Ono pelo fim dos Beatles. Ninguém poderá, contudo, afirmar categoricamente uma razão incondicional para justificar o fim do grupo.
Os Beatles nunca mais trabalharam juntos, a não ser no álbum a solo de Ringo Starr– chamado “Ringo” – mas nunca ao mesmo tempo nem na mesma faixa.
Dez anos depois, John Lennon foi assassinado em Nova Iorque. Em sua homenagem, Harrison e McCartney gravaram “All those Years Ago”, que se encontra no álbum de Harrison, “Somewhere in England.”
“The Beatles Anthology”
foi lançado em 1995 pelos três elementos vivos da banda. Anthology reunia três álbuns duplos, uma curta-metragem, um livro autobiográfico e alguns inéditos.
Em 2001 morreu George Harrison, e passaram a existir apenas 2 Beatles vivos: Paul McCartney e Ringo Starr. Assim continua.

04 outubro 2006

Remember when you were young, you shone like the sun.

Foi neste dia, 4 de Outubro, mas no ano de 1975 que o álbum "Wish You Were Here", dos Pink Floyd atingiu o número um dos álbuns mais vendidos no Reino Unido.
O álbum, para muitos o melhor da banda, contém várias faixas dedicadas inteiramente a Syd Barrett, anterior líder da banda, e que deixou o grupo pouco tempo depois do lançamento primeiro álbum dos Floyd, "A Piper at the Gates of Dawn."
A principal dessas faixas é "Shine on You Crazy Diamond", um brilhante peça partida em dois blocos, que inicia e termina o álbum. A faixa conta com a voz e letras de Roger Waters, a guitarra e os acordes inconfundíveis de David Gilmour e o órgão de Richard Wright.
As faixas "Welcome to the Machine" e "Have a Cigar" - esta interpreatada por Roy Harper - serão as menos conhecidas do álbum, não deixando, por isso, de ser belas peças de música à altura de qualquer outra coisa feita pelos Pink Floyd.
Mas, será sempre "Wish You Were Here" a canção mais reconhecida e cantada deste álbum. À partida uma balada, esta é uma faixa que retracta o desepero provocado pela ausência de Barrett, e pela sua lenta, mas eficaz, auto-destruição.
A ausência de Barrett marcou para sempre os membros da banda e Waters deixou-o sempre transparecer por via das suas letras. Alguns dos versos mais marcantes encontram-se em "Shine On..." e "Wish You Were Here."
Os membros dos Floyd nunca deixaram de lamentar o desaparecimento de Syd Barrett e "Wish You Were Here" é disso mesmo um evidente espelho.
"Now there's a look in your eyes, like black holes in the sky."