21 fevereiro 2007

Led Zeppelin IV – 36 anos depois a magia continua


Foi em 1971 que o quarteto composto por Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham lançou o seu quarto álbum de originais. Recentemente colocado no décimo sétimo lugar na tabela de melhores álbuns de rock é, com larga distância, o melhor álbum da banda nessa lista.

“Led Zeppelin IV” é o disco que contém uma das mais míticas e glorificadas músicas do conjunto britânico – “Stairway to Heaven”. Essa faixa que serviu de hino na forma de enquadramento e interpretação da morte e sua inevitabilidade, ajudou à consolidação da posição global dos Led Zeppelin enquanto grande grupo rock, fazendo dos seus espectáculos aos vivo o sustentáculo dessa imagem de monstros do rock. Aliás, essa evidência pode ser constatada no álbum “How The West Was Won” lançado em 2003 nos Estados Unidos da América que retrata, em 3 CD’s, dois memoráveis concertos da banda pouco depois do lançamento de “Led Zeppelin IV”.

Voltando ao álbum, na sua versão em vinil, é “Stairway to Heaven” que fecha o primeiro disco. Para trás ficaram “Black Dog”, “Rock and Roll” e “The Battle of Evermore”. Este é um lado dedicado ao rock ‘n’ roll tradicional, onde as influências de John Lee Hooker entre outros são evidentes. “Stairway to Heaven” é, claramente, a faixa mais forte do lado, mas as outras não deverão ser ignoradas, principalmente “Black Dog”.

O segundo lado tem um carácter bastante mais intimista e, de certo modo, revela o caminho seguido pelo conjunto após este álbum, nomeadamente em “Houses of the Holy” e “Physical Graffiti”. “Misty Mountain Hop” abre o segundo lado, seguindo-se “Four Sticks”. De duas faixas em que a mistura entre rock e blues não deixa de ser evidente, apesar de se afastarem do registo mais tradicional de Led Zeppelin, chegamos a “Going to California”, um dos registos mais reconhecidos deste álbum. Esta calma melodia, com influências country, da partida de um rapaz do interior que vai para a Califórnia em busca da paixão desejada. O tema da partida havia sido já explorado com “The Immigrant Song”. Trata-se de uma busca pela alma gémea e pela necessidade de a procurar onde quer que ela esteja, enfrentando todos os desafios colocados à sua frente. O álbum termina com “When the Levees Break”, um tema de rock tradicional de Zeppelin, talvez uma “imigrante” neste lado do álbum, foi repescado aquando dos incidentes em New Orleans, exactamente pela queda das barragens na cidade do jazz.

“Led Zeppelin IV” é o último dos grandes álbuns de uma das maiores bandas de rock da história da música. Depois desta etapa, os egos cresceram, as influências externas também e apesar dos inúmeros álbuns lançados após este, a parceria entre Page e Plant deteriorou-se bastante. Depois de “Led Zeppelin IV” pouco mais há a registar de relevo da colecção do grupo. Mesmo com a seca criativa no lançamento de novos registos, os concertos ao vivo foram sempre uma fonte de engrandecimento do conjunto. Algumas actuações serviram para reforçar, ao longo do tempo, a noção dos Led Zeppelin como verdadeiros animais de palco, que dominavam qualquer noite independentemente de quem tivesse actuado antes ou quem fosse actuar depois. Depois de Zeppelin não havia mais nada. Assim era. Assim é.